Thursday, June 9, 2016

Armas contra o inimigo

Tua Palavra, Senhor, é mais penetrante que uma espada de dois gumes. Toca-nos, agora, Senhor, para que tua Palavra possa trazer a vitória sobre qualquer espírito mal que queira nos enganar.

Eu acho que todos devem saber o que os romanos faziam quando derrotavam um império ou um general. O vencedor entrava de forma triunfante em Roma. E em meio àquela entrada triunfal, o general era aplaudido, louvado. E o general derrotado era amarrado à carruagem do vencedor. E isso era o máximo de humilhação para quem que havia sido derrotado.


  Se olharmos Colossenses 2,15, Paulo usa esse mesmo fato para falar da derrota do inimigo de Deus. Já foi dito várias vezes que o demônio já foi derrotado. Não precisamos temer nada. É verdade que o maligno é como um leão que ruge à nossa volta, tentando achar uma brecha e nos devorar. Mas por que ele continua a entrar nesse campo de batalha, uma vez que já foi derrotado? A intenção dele é diminuir a força do reinado de Jesus. Satanás continua a tentar enfraquecer aqueles filhos e filhas de Deus que fazem parte do Reino. E a experiência de muitos é essa: “Por que depois que comecei a seguir Jesus tenho mais tentações, me sinto mais oprimido que antes, e tenho mais crises?”
Muitas pessoas, muitos cristãos, uma vez que tomam a decisão de seguir ao Senhor pensam que vão ter uma vida mais tranqüila. Mas a verdade é o contrário, pois o demônio não tem interesse em atacar os que não são seguidores de Jesus. O interesse dele é colocar obstáculos na vida daqueles que decidiram seguir o Senhor. Tanto mais eu “subo a montanha”, mais descubro que as dificuldades são grandes. Os cristãos são as pessoas mais atacadas. Até mesmo os santos o foram.
Não estranhe se, vocês que seguem a Jesus, começam a sentir mais problemas, mais ataques. Isso não é motivo de nos levar a uma crise. Não temos porquê temer o inimigo, pois ele já foi derrotado. O demônio é que tem de ter medo de você, de mim. A razão é simples. Porque nós somos filhos e filhas de Deus, herdeiros do Reino. Ele tem muita raiva, porque aquilo que foi dado a ele uma vez, agora é dado para nós. Ele tem raiva, tem ódio por causa disto. Ele odeia a cada um de nós. Ela faz tudo para nos enganar, para que a gente possa voltar desencorajado, desanimado. Ele tenta nos enganar de várias maneiras.
Mas tem uma coisa, uma técnica que ele usa freqüentemente para nos atacar. É o desânimo, o desencorajamento. Ele também usa essa “carta do baralho” com os santos. O desânimo não vem de Deus, sempre vem do inimigo, daquele que nos faz desistir de ir em frente.
Vamos olhar para Padre Pio de Pietrelcina. Quando um analista do Vaticano disse que ele era um psicopata, este santo entrou numa crise tremenda. Ele olhou para os estigmas dele e se questionou se tudo era falso. Madre Teresa de Calcutá, no seu leito de morte, também viveu uma grande crise ao sentir o amor de Deus longe dela. O bispo teve de enviar um exorcista até ela e convencê-la de que aquele sentimento de não-amor não vinha de Deus.
É muito normal que também nós vivamos esses momentos de crise. Seguir Jesus num momento de entusiasmo é fácil, mas continuar O seguindo nos momentos de sofrimento, isso sim é difícil. O inimigo virá tentá-lo quando você estiver se sentindo fraco, cheio de medos, com raiva, ansiedade, tristeza.
A Renovação Carismática Católica é baseada no louvor a Deus. O inimigo de Deus é como um rato dentro de um duto. Você não o vê. Ele age durante a noite, esconde-se sem que ninguém o veja. Mas imagina se eu derramar uma chaleira de água quente lá onde ele está, ele vai ter de sair do buraco. E é isso que a RCC está fazendo para perturbá-lo. Está derrubando “água fervendo” sobre ele [o inimigo de Deus], através do louvor a Deus. Quanto mais louvamos a Deus, tanto menos ele não consegue suportar isso.
É nosso papel lutar contra essas táticas que ele usa para nos desanimar. A tática que ele também usa é nos apresentar meias verdades, porque o demônio é um mentiroso, enganador, trapaceiro. Ele nos apresenta algo que parece muito bom, quando, na verdade, é muito ruim.
O maligno diz que por causa dos seus pecados, você não consegue fazer nenhuma tentativa para ser mais santo. Mas eu posso tentar vencer a tentação pelo poder que vem do alto, do Espírito Santo.
Muitas vezes nós pensamos que tentações são relacionados ao sexo, raiva, ódios. Essas são grandes tentações. Mas temos de estar atentos a uma grande tentação que é não fazer a vontade de Deus. O inimigo faz de tudo para que eu saia do caminho da vontade do Senhor. Ele ousou tentar Jesus a desobedecer ao Pai, quando O levou no alto do monte e mostrou-Lhe as cidades, dizendo que elas lhe pertenciam.

Com certeza, nos Parlamentos, Senado, Congressos há leis contra a vontade de Deus. E o inimigo diz que esses lugares pertencem a ele. A cidade em que eu vivo é uma cidade onde o inimigo é o senhor, ou Jesus o é? Se no meu bairro, o povo que habita está seguindo mais os valores do mundo do que de Deus, o inimigo diz que aquele bairro pertence a ele. O nosso papel é tirar essas pessoas da mão dele e entregá-las nas mãos de Deus.


  A tentação do inimigo a Jesus era muito atraente. O Pai dizia para Jesus ir para a cruz e o inimigo pedia para ele desobedecer ao Pai e ter aquelas cidades. Mas Jesus diz: “Afasta-te de mim, satanás. Eu adoro somente ao Pai”.
Irmãos e irmãs, será uma luta até o fim de nossa vida, mas se nós usarmos as armas não precisamos ter medo nenhum. A primeira arma é a Eucaristia. O inimigo treme diante da Eucaristia, porque ela é sinal de humildade, enquanto o inimigo luta para ter poder. Jesus quis por um momento aniquilar a Si mesmo, entrando nas espécies do pão e do vinho para ficar perto de nós. Se eu tivesse tempo aqui eu contaria para vocês os inúmeros milagres graças à Eucaristia.

Uma outra arma forte contra o inimigo é o Sacramento da Confissão. Este Sacramento é mais poderoso do que a própria oração do exorcismo.

  Quando eu falei o nome de Maria, numa certa vez, uma mulher possuída disse numa língua em latim, a qual ela não conhecia, por meio do inimigo: “Não mencione este nome”. O inimigo tem medo de Maria. Numa das orações de exorcismo, ele disse que tem muito medo da humildade de Maria. Temos que guardar Maria como nossa Mãe. Maria tem que nos acompanhar sempre.
Momentos de desânimo podem acontecer em nossas vidas. Quando isso acontecer se agarre a Maria. Um jovem teve uma visão que ele precisava construir uma barco para atravessar o oceano. Enquanto ele construía este oojeto as pessoas diziam que ele não iria conseguir e que ele não conseguiria vencer a fúria do mar. Até que aquele jovem terminou de construi-lo e começou a remar em direção à longa jornada no oceano. Mas um amigo disse a ele: “Meu amigo, tenha coragem. Seja forte!” E aquele jovem olhou somente para aquele homem que estava dando força para que ele continuasse. E toda vez que ele sentia o desânimo se aproximar ele se lembrava daquelas palavras do amigo.
Muitos poderão nos chamar de doidos, de loucos, mas há uma Maria que está gritando em nossos ouvidos: “Boa viagem! Não tenhais medo do inimigo. Não desanimem com as ondas revoltas do mar, porque a vitória é nossa. Uma vez que Jesus derrotou o inimigo, com Jesus, nós também o derrotaremos.”
Maria diz a nós, hoje: “Eu estarei com vocês. Não tenham medo. Vão em frente. Vocês serão vencedores!”

Maria, nós cremos em Ti, porque Tu és nossa Mãe. Nenhuma mãe deixará o filho em perigo sem dar a ele uma mão, sem ajudá-lo. Maria, sabemos que Tu estás conosco, e por causa de Ti nos sentimos seguros. Nós conseguiremos.

  Maria diz a nós: “Fazei tudo o que Ele vos disser. Vá em frente. Não desanime! Lembre das palavras de Jesus: ‘Eu sou, porque nada é impossível para aquele que crê’”.
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Frei Elias Vella

Franciscano conventual, líder da RCC na Ilha européia de Malta (seu país de origem) e um dos maiores exorcistas da atualidade;

Wednesday, June 8, 2016

Maria: modelo de louvor


Maria: modelo de louvor

O Magnificat nos faz viver cheios do Santo Espírito
A mulher e homem de louvor têm total adesão ao Senhor. Deus, de toda a eternidade, chamou o homem para o Seu louvor; essa é a nossa vocação, o nosso chamado. Infelizmente, o homem se afastou da glória por conta do pecado; mas Deus, como é fidelidade, quer salvá-lo desse mal [pecado]. A nossa vida precisa se tornar um eterno louvor. Aquela pessoa, que é chamada por Deus para o louvor, deve escolher a melhor parte. Qual é parte que você tem escolhido? Qual é o centro da sua opção? Isso toca na base da nossa história, muitas escolhas são feitas para a superficialidade.

Só pode amar quem realmente faz uma experiência com Deus. Peça ao Altíssimo a graça de uma visão sadia da vida. Esse louvor que nos alcança nos abre para o relacionamento, no qual nós vivenciamos a sinceridade, a verdade e a gratuidade; daí a comunidade se torna uma expressão de louvor.
Só o "homem novo" conhece o "canto novo" de louvor. Quem está preso canta um "canto velho", mas o "homem novo" canta com sua vida um "canto novo", em toda e qualquer circunstância.

Você foi criado para o louvor da glória de Deus, por isso não jogue o dom da sua vida fora! Seja você casado, consagrado, solteiro, seja em qual realidade de vida estiver, que você busque um coração unido a Deus, pois é próprio da alma que ama estar com o Amado.
O místico é aquele que, na intimidade, vai eleger o absoluto de Deus em Jesus Cristo. O místico é alguém aberto ao Espírito Santo. O místico, pela ação do Espírito Santo, faz do fiel que fala com Deus um orante, um homem de oração; do que fala a respeito de Deus, um teólogo; do que fala no lugar de Deus o Espírito Santo torna essa pessoa um profeta; daquele que fala em Deus o Espírito Santo o torna um místico, aquele que faz todas as coisas em Deus. Essa é a obra do louvor.

Como viver tudo isso? Precisamos de um modelo e a Virgem Maria é o nosso modelo. Mergulhemos na vida de Nossa Senhora para entender como se manifesta esse louvor. A Santíssima Virgem é modelo porque ela é toda transparente a Deus; aquele que quer viver o louvor da glória de Deus precisa ser uma pessoa transparente. Maria é modelo do anúncio profético da Igreja e para a Igreja. O "Magnificat", cantado por ela, expressa tudo isso. O "Magnificat" é o verdadeiro kairós, um tempo novo instaurado na história.

"E Maria disse: Minha alma glorifica ao Senhor, 47. meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, 48. porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, 49. porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo. 50. Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem. 51. Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos. 52. Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes. 53. Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos. 54. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, 55. conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre" (Lc 1,46-56)

Para onde está voltado o olhar da Virgem Maria? Totalmente fixado em Deus. Aquela, que acreditou, está com o olhar totalmente voltado para o Todo-poderoso. Você cantou o "Magnificat" com sua alma elevada ao Senhor? Se seu olhar está perdido é preciso colocá-lo sob o olhar d'Aquele que é o Absoluto, o Senhor; Ele recolhe sua alma e a lança no infinito, que é Ele.

Maria se volta para o Senhor, que é três vezes santo. É uma manifestação tão profunda que tudo silencia, por isso, para ser louvor, é preciso fazer a experiência do silêncio que nos cala. Maria é modelo de louvor porque está toda voltada para Deus Pai.

Diante do Altíssimo a criatura se conhece na verdade. Ela tem um coração que vivencia o autoconhecimento. É dessa forma que Nossa Senhora se sente no "Magnificat", olhada por Deus e ao mesmo tempo pequena. Permita hoje que o Senhor o olhe com amor. Maria se sente olhada e alcançada pelo amor de Deus, essa é a experiência do autêntico louvor. O conhecimento de si sem o conhecimento de Deus geraria o desespero. Quantas pessoas desesperadas há, porque experimentam a incapacidade diante da vida e por não conhecerem a Deus se desesperam.

A Santíssima Virgem Maria é a exaltação mais pura do conhecimento de Deus e de si. É a alegria, o júbilo da criatura amada pelo Criador. O "Magnificat" é um falar no Espírito, que não se pode compreender a não ser n'Ele mesmo [Espírito Santo de Deus].
O "Magnificat" não é apenas para ser recitado, mas vivido, é um cântico que nos faz viver cheios do Santo Espírito, cheios da graça de Deus! O caminho está vazio de si. Sem pequenez não existe o mais belo louvor de Deus. O belo louvor brota dessa experiência.
Seja livre e dócil. As palavras do Cântico de Maria ["Magnificat"] mostram o verdadeiro louvor e é decisivo porque o Messias chegou. O coração orante de Virgem Santíssima entoa tudo isso. Vamos orar como Nossa Senhora. Se o seu olhar hoje não está voltado para Deus é tempo de voltá-lo para o Senhor.


Padre Eliano

Fraternidade Jesus Salvador

Tuesday, June 7, 2016

Por que precisamos de cura interior?


Por que precisamos de cura interior?



Realizar constantemente a reconciliação com nós mesmos, com os outros e com Deus


 “Aceitar livremente obedecer e ser dócil é caminho para a maturidade: tornar-se adulto psicologicamente e, sobretudo, adulto em Cristo” (monsenhor Jonas Abib).
A cura interior não só é importante como também é necessária: precisamos ser curados, Deus quer nos curar plenamente; por meio dela somos restaurados na nossa personalidade. Ela é a chave para a cura plena da pessoa. Cada dia é um dia de surpresas que o Senhor nos reserva; podemos confiar e nos abrir, sem medo, à ação do Espírito Santo.
Como saber se eu preciso de cura interior? Onde eu preciso de cura interior? São questionamentos fundamentais que nós – à luz do Espírito Santo – precisamos nos fazer, buscando o discernimento e o diagnóstico. Se um médico é cuidadoso em fazer um diagnóstico ao seu paciente, quanto mais nós precisamos ter cuidado com o diagnóstico das emoções nossas e das pessoas. É preciso se abrir ao Espírito Santo, agir, em Nome de Jesus, para o bem, porque o Senhor trabalha para o bem, para todos aqueles que O amam. Seguir o exemplo de Cristo, que passou pela terra fazendo o bem, libertando as pessoas do poder de satanás: é preciso concluir esse trabalho, é preciso ter fé e compaixão.
As etapas para viver bem esse processo:
“É fundamental colocar em ordem nossa vida passada, toda ordem tem sua estrutura na cruz de Jesus”. A cruz é e será sempre a chave de leitura da nossa história de salvação. É necessário realizar a paz dentro de nosso interior. Em nossa história realizar constantemente a reconciliação com nós mesmos, com os outros e com Deus. Visitar o passado requer uma mudança, não olhamos para trás e aceitamos. Para o homem espiritual todas as situações de sua vida lhe fazem perguntas: “Quem está comigo?” “O que Deus quis me falar?” “O que aprendi?”. Como é possível reler nossa história de salvação e transformá-la num bem? Em Cristo o Pai já realizou toda essa transformação. É necessário, pois:
1) Aceitação: Capacidade de recordar os fatos, pessoas. Jesus entra no profundo de cada um e o descobre, com amor. Ex.: Samaritana. Nenhum fato de minha história é um absurdo.
2) Reconciliação: Com a própria história, para eliminar toda negatividade. Acolher as realidades como presença misteriosa de Deus. “Quantas vezes devo perdoar?” nem tanto a quantidade do perdão, mas a qualidade deste ato. Só se pode perdoar olhando para a cruz, para o Crucificado. Recordar, sob a memória credente de Jesus, me faz recordar sem dor, mas sob a luz do Espírito: “Fazei isto em memória de mim”. Todo meu passado posso recordar sob a cruz, ela faz ativar a memória.
3) Transformação: Quando a pessoa intui a positividade das coisas, ainda que negativas. Nossa história deve ser escrita e revista como um memorial, nunca como um diário, mas celebrando: “Deus estava presente, neste, naquele momento…”. Fé histórica: encontro o Senhor em cada momento, em cada fase. No Juízo Final o Altíssimo nos perguntará: “O que você fez com a minha presença na sua história?” Encontrar o rosto do Senhor, Ele que se manifestou das mais diferentes maneiras.
Vera Lúcia Reis

(artigos@cancaonova.com
Verinha é missionária celibatária da Comunidade Canção Nova. Trabalha na formação dos membros da comunidade e formada em Teologia)

O fermento de Deus cura todo o medo

O fermento de Deus cura todo o medo


Existia um esforço constante de Jesus, em conduzir primeiro os discípulo e depois o povo a uma experiência interna e não externa. Por isso, Jesus alerta os discípulos dizendo: “Cuidado com o fermento dos fariseus”. 


No Evangelho de São Lucas 11,37, podemos compreender melhor o porquê desta exortação tão dura de Jesus para com os discípulos, porque na Palavra de Deus não tem só palavras bonitas, mas também passagens duras que nos exortam. Toda religiosidade dos Judeus estava baseada em ritos externos e por isso aquele fariseu ficou admirado porque Jesus não lavou as mãos. Não é que Jesus era mal educado, mas o assunto era mais profundo. É nesse contexto que Jesus vai anunciar a hipocrisia dos fariseus. Onde nós usamos o fermento? É no interior da massa que vai o fermento.



A hipocrisia para os gregos tinha o mesmo significado de um ator, e o artista era chamado de hipócrita, porque em uma encenação ele usava varias máscaras. E Jesus estava dizendo que os fariseus estavam se escondendo atrás das máscaras. O esforço de Jesus era conduzi-los para uma experiência interior. Ele estava convidando os discípulos a fazerem uma experiência de dentro para fora, isso chama-se cura interior. É deixar que o fermento de Deus me faça crescer, porque o que nos faz crescer é o que está dentro. 



O Senhor quer conduzir os discípulos a uma experiência de cura interior, e este é o caminho: Tirar as máscaras, porque não só os gregos, mas também nós as colocamos. Este caminho de cura é exatamente de revelar quem está por detrás da máscara.

Qual é a função de uma máscara? É esconder quem fica por trás. Sabia que muitos palhaços só tem coragem de ser palhaços porque usam uma máscara? E muitos de nós, nos comportamos como verdadeiros palhaços no trabalho, em casa e nos nossos relacionamentos.


Sabe quem foi a primeira pessoa que tentou se esconder atrás de uma máscara? Foi Adão e Eva. (ref. Gênesis 3). Adão e Eva com medo de Deus se esconderam atrás de uma árvore, e o próprio Senhor os conduz a um caminho de cura para mostrar a eles o que tinham feito. E aqui tem um segredo de cura. O processo deles se esconderem teve uma causa e não foi o pecado, pois mesmo eles pecando Deus vai ao encontro deles. O que eles tiveram foi medo, e por isso com medo se esconderam.



A raiz de todas as máscaras que usamos, muitas vezes, é o medo de ficarmos sozinhos, medo da solidão, morte, medo de que as pessoas não nos respeitem... Se você me disser o seu medo eu lhe direi que máscara você usa. Por isso o Senhor nos pergunta hoje, qual é o medo do nosso coração?



Cura interior é o processo de ir revelando os nossos medos, porque não há nada oculto que não venha a ser revelado. Este é o processo que eu e você devemos passar. Qual é o medo que você tem? São traumas que você traz na sua história que te fizeram criar máscaras? E como é que estes medos são revelados? Pelo fermento que todo cristão tem dentro de si que é o Espírito Santo que cada um recebeu. Este é o selo que fala a primeira leitura, o fermento da vida de todo cristão. É preciso deixar que este fermento se misture com a nossa história e rompa com a dobradinha do medo e das máscaras que fomos criando para nós. 

Se não sabemos identificar o medo, não saberemos como começar o caminho de cura interior, que não é uma mágica, ou que eu fico na passiva e as pessoas vem e realizam o trabalho por mim. O processo é ter coragem de entrar na canoa onde eu remo de um lado, e o outro remo é do Espírito Santo. É preciso força, a minha vontade, porque no outro remo está a graça de Deus.



Cura interior é um processo que só aceita quem é humilde e entende que é preciso tempo e espera, não é automático. Em cada situação é preciso ir remando um pouco mais, porque a cura interior não acontece na força do medo, mas na força do amor. Se o medo ensina esconder, o amor ensina revelar.

                                                                                                                      
Padre Fabrício Andrade
Sacerdote missionário da Comunidade Canção Nova

Monday, June 6, 2016

Que a Saúde se Difunda Sobre a Terra

Que a Saúde se Difunda Sobre a Terra


“A fraternidade e a Saúde Pública”
(Campanha da fraternidade 2012)


A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promove a Campanha da Fraternidade, desde o ano de 1964, como itinerário evangelizador para viver intensamente o tempo da quaresma.
A Igreja propõe como tema da Campanha deste ano: “A fraternidade e a Saúde Pública”, e com o lema: Que a saúde se difunda sobre a terra (cf. Eclo 38,8). Deseja assim, sensibilizar a todos sobre a dura realidade de irmãos e irmãs que não têm acesso à assistência de Saúde Pública condizente com suas necessidades e dignidade. É uma realidade que clama por ações transformadoras. A conversão pede que as estruturas de morte sejam transformadas.
A Igreja, nessa quaresma, à luz da Palavra de Deus, deseja iluminar a dura realidade da Saúde Pública e levar os discípulos-missionários a serem consolo na doença, na dor, no sofrimento e na morte...


 Que a saúde se difunda sobre a Terra


144. Os significados de saúde e de salvação, ao longo da história, são convergentes e sempre apresentaram uma relação profunda. Em diversas línguas, os termos nasceram de uma raiz única e, por muito tempo, partilharam a mesma palavra. Em geral, saúde e salvação significaram plenitude, integridade física e espiritual, paz, prosperidade. Evidência disso é que, nas grandes romarias, o povo em sua fé sempre pede, mas também agradece pela cura e saúde alcançada. Não é algo que somente aconteceu no passado, pois ocorre ainda hoje.

145. No Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida (Aparecida – SP), por exemplo, há a famosa ‘sala das promessas’, no linguajar da teologia erudita, mas ‘dos milagres’  na linguagem da fé simples do povo. Aí estão milhões de objetos ‘sacramentais’ (fotos, roupas, velas, peças anatômicas em cera de todos os tamanhos), verdadeiros presentes do povo para a ‘Mãe da Saúde’, que nos revelam histórias de salvação de perigos, acidentes, sofrimentos afetivos, doenças incuráveis, enfim da morte! Corações agradecidos deixam sua marca de ‘ação de graças’ pela cura e salvação alcançada.

146. As religiões sempre ofereceram respostas à busca de um sentido para a existência e seus grandes desafios, particularmente em relação à dor, ao sofrimento, ao mal e à morte, que afligem a humanidade indistintamente. Nesse sentido, procuremos ouvir não só os ensinamentos bíblicos, como também os, da teologia e da prática pastoral da Igreja, a fim de iluminar esta questão vital para todos.

147. E, que pela convergência de todos os olhares para Jesus Cristo, que liberta e salva, a saúde se difunda sobre a Terra.

Saúde na antiguidade e na Bíblia                                                                  

148. Desde muito cedo, a humanidade empenhou-se em conservar a saúde e vencer as doenças, além de lhes atribuir diferentes conceitos e explicações. Para muitos povos, a doença resulta da ação de forças alheias ao organismo que se instalam na pessoa por causa da desobediência a certas normas sociais, por erros cometidos em vidas passadas, por castigo de alguma divindade ofendida, pela ação de demônios ou maus espíritos.

149. Por outro lado, consideram que as divindades podem curar o mal, o que supõe diagnósticos, práticas e receitas curativas associadas, quase sempre, a esconjurações mágicas, que são concebidas como remédios em uma esfera na qual atuam os deuses e todos os tipos de entidades intermediárias. Assim, é comum, em diversas culturas, o recurso à religião e à magia na busca de sentido para a vida, a doença e a saúde, indicando profunda relação entre doença e religião.

Doença e saúde no Antigo Testamento

150. A bíblia hebraica, já nas primeiras páginas, apresenta a origem do mal e do sofrimento, mas descartando qualquer possibilidade de participação divina. No decorrer da caminhada do povo hebreu, outros conceitos e outras justificativas foram sendo desenvolvidos a respeito de doença e do sofrimento, que passaram a ser vistos como consequência do pecado e da desobediência à Lei. Assim, a preservação da saúde, mais do que a cura da doença, é obtida pela observância da lei de Deus. Em uma passagem do Livro do Deuteronômio (cf. Dt 28,1-14), a bênção prometida para quem observa a lei de Deus é uma situação de bem-estar, saúde e prosperidade.

151. Porém, quem não a observa terá a maldição, a infelicidade, as doenças, a opressão (cf. Dt 28,15ss). A doença é vista como castigo de Deus ao pecado do ser humano, por isso, somente eliminando a causa da doença, ou seja, o pecado, pode-se obter novamente de Deus a saúde. Dessa forma, a preservação da saúde é obtida pela observância da Lei, enquanto a cura e o perdão dos pecados, como dois lados da mesma moeda, são obras de Deus que concedia aos que o pediam na prece.

152. Houve um tempo em que, entre os judeus piedosos, o fato de recorrer aos médicos era visto como falta de fé no Deus vivo e verdadeiro, pois a doença era compreendida como uma forma de punição por parte de Deus. É o que se percebe no segundo livro das Crônicas que denuncia o rei Asa por não ter recorrido ao Senhor, mas ter buscado médicos e morrido rapidamente (cf. 2Cr 16,12). Para certos problemas físicos, eram os sacerdotes que deviam ser consultados, visto que eles diagnosticavam os sintomas, orientando o tratamento para a pessoa, bem como os rituais de purificação a serem seguidos.

153. O livro do Eclesiástico considera a doença como o pior de todos os males (cf. 30,17), um mal que faz perder o sono (cf. 31,2). O povo judeu entendia que a falta de saúde estava intimamente ligada com a culpa, o pecado. A cura para as doenças deveria ser obtida, em primeiro lugar, pela oração (cf. 2Sm 12,15-23). Vários salmos são de doentes que suplicam a Deus a cura. Segundo Carlos Mesters, “cura e perdão dos pecados parecem duas faces de uma mesma moeda: ambos vêm de Deus mediante a prece. Porém, o Eclesiástico também propõe um novo modo de compreender a doença e, sobretudo, estimula um comportamento diferente na busca do restabelecimento da saúde. Se antes, recorrer à medicina e a seus profissionais era visto como falta de fé no Deus Altíssimo, o Eclesiástico considera os remédios, os médicos e a ciência como possibilidades de cura que vêm do próprio Deus e, consequentemente, devem ser buscados quando necessário”.


Fonte: www.franciscano.org.br

Saturday, June 4, 2016

O PEQUENO PASSARINHO



O passarinho quereria voar para o Sol brilhante que lhe fascina o olhar;
Quereria imitar as Águias, suas irmãs, que vê elevarem-se até ao fogo divino da Santíssima Trindade... Pobre dele! tudo quanto pode fazer é agitar as suas pequenas asas; mas levantar voo, isso não está no seu pequeno poder! Que será dele? Morrerá de desgosto, ao ver-se impotente?... Oh, não! o passarinho nem sequer se vai afligir. Com um audacioso abandono, quer ficar a fixar o seu divino Sol. Nada seria capaz de o assustar, nem o vento nem a chuva; e se nuvens sombrias chegam a esconder o Astro do Amor, o passarinho não muda de lugar, pois sabe que para além das nuvens o seu Sol brilha sempre, e que o seu brilho não se poderia eclipsar nem por um instante sequer.
É verdade que às vezes o coração do passarinho se vê acometido pela tempestade; parece-lhe não acreditar que existe outra coisa, a não ser as nuvens que o envolvem. É então o momento da alegria perfeita para a pobre e débil criaturinha. Que felicidade para ela, permanecer ali, apesar de tudo, e fixar a luz invisível que se esconde à sua fé!!!...
Jesus, até agora compreendo o teu amor para com o passarinho pois ele não se afasta de Ti. Mas eu sei, e Tu também o sabes, muitas vezes a imperfeita criaturinha, ficando embora no seu lugar (isto é, sob os raios do Sol), deixa‑se distrair um pouco da sua única ocupação; apanha um grãozito à direita e à esquerda, corre atrás de um vermezito... Depois, encontrando uma pocita de água, molha as penas ainda mal formadas; quando vê uma flor que lhe agrada o seu espírito entretém-se com essa flor... Enfim! não podendo pairar como as Águias, o pobre passarinho entretém-se ainda com as bagatelas da terra. Não obstante, depois de todas as suas travessuras, em vez de se ir esconder num canto para chorar a sua miséria e morrer de arrependimento, o passarinho volta-se para o seu Bem‑amado Sol, expõe as asitas molhadas aos seus raios benfazejos, geme como a andorinha e, no seu doce cantar, confia, conta em pormenor as suas infidelidades, pensando, no seu temerário abandono, conseguir assim maior influência e atrair mais plenamente o amor d’Aquele que não veio chamar os justos mas os pecadores... Se o Astro Adorado continuar surdo ao chilrear plangente da sua criaturinha, se permanecer velado..., pois bem: a criaturinha continua molhada, aceita ficar transida de frio, e ainda se alegra com esse sofrimento que, aliás, mereceu...
Ó Jesus! como o teu passarinho está contente por ser débil e pequeno. Que seria dele se fosse grande?... Nunca teria a audácia de aparecer na tua presença, de dormitar diante de Ti... Sim, aí está mais uma fraqueza do passarinho: quando quer fixar o Divino Sol, e as nuvens o impedem de ver um único raio, contra sua vontade os seus olhitos fecham-se, a sua cabecinha esconde-se debaixo da asita, e a pobre criaturinha adormece, julgando fixar ainda o seu Astro Querido. Ao acordar, não fica desolado, o seu coraçãozinho fica em paz, e recomeça o seu ofício de amor. Invoca os Anjos e os Santos que se elevam como Águias em direcção ao Fogo devorador, objecto do seu desejo.
E as Águias, compadecendo-se do seu irmãozinho, protegem-no, defendem-no, e põem em fuga os abutres que o queriam devorar. Os abutres, imagem do demónio, o passarinho não os teme, pois não está destinado a ser presa deles, mas da Águia que contempla no centro do Sol do Amor.
Por tanto tempo quanto quiseres, ó meu Bem-amado, o teu passarinho ficará sem forças e sem asas; permanecerá sempre com os olhos fixos em Ti. Quer ser fascinado pelo teu divino olhar, quer tornar‑se a presa do teu Amor... Um dia, assim o espero, Águia adorada, virás buscar o teu passarinho e, subindo com ele para o Fogo do Amor, mergulhá‑lo‑ás eternamente no ardente Abismo desse Amor, ao qual se ofereceu como vítima...
( Santa Teresinha- História de uma Alma, Ms B 5rº-vº)
"Sinto, sobretudo, que a minha missão vai começar, minha missão de fazer amar o Bom Deus como eu amo, de indicar às almas minha pequena trilha. Se o Bom Deus atender meus desejos, meu Céu se passará na terra, até o fim do mundo. Sim, quero passar meu Céu a fazer o bem na terra”
(Santa Teresinha- História de uma alma)
1º de Outubro Festa de Santa Teresinha

Friday, June 3, 2016

SANTA IRMÃ MARIA FAUSTINA KOWALSKA

SANTA IRMÃ MARIA FAUSTINA KOWALSKA
A Irmã Faustina Kowalski, apóstola da Misericórdia de Deus conhecida em todo o mundo,   é considerada pelos teólogos como uma pessoa que faz parte de um grupo de notáveis místicos   da Igreja. Nasceu no dia 25 de agosto de 1905, como a terceira dos dez filhos numa pobre mas piedosa família de aldeões, em Glogowiec (Polônia). No batismo, que se realizou na igreja paroquial de Swinice Warskie, recebeu o nome de Helena. Desde a infância distinguiu-se pela piedade, pelo amor à oração, pela diligência e obediência, e ainda por uma grande sensibilidade à miséria humana. Apesar de ter frequentado a escola por menos de três anos, no DIÁRIO por ela deixado, numa linguagem extremamente transparente, descreveu exatamente o que queria dizer, sem ambiguidades, com muita simplicidade e precisão.

Nesse DIÁRIO, escreve ela a respeito das vivências da sua infância:

 “... eu senti a graça à vida religiosa desde os sete anos. Aos sete anos de vida ouvi pela primeira vez a voz de Deus em minha alma, ou seja, o convite à vida religiosa, mas nem sempre fui obediente à voz da graça. Não me encontrei com ninguém que me pudesse esclarecer essas coisas”.

Aos dezesseis anos de idade, deixou a casa paterna para ir trabalhar como empregada doméstica em Aleksandrów, perto de Lodz, a fim de angariar meios para a subsistência própria e ajudar
os pais. Nesse tempo o desejo de ingressar na vida religiosa aos poucos ia amadurecendo nela. Visto que seus pais não concordavam com tal decisão, Heleninha procurou sufocar em si
o chamado divino.

Anos depois, escreveria em seu DIÁRIO:

 “Numa ocasião, eu estava com uma de minhas irmãs num baile. Enquanto todos se divertiam a valer, a minha alma sentia tormentos interiores. No momento em que comecei a dançar, de repente vi Jesus a meu lado, Jesus sofredor, despojado de Suas vestes, todo coberto de chagas e que me disse estas palavras: Até quando hei de ter paciência contigo e até quando tu me decepcionarás? Nesse momento parou a música animada, não vi mais as pessoas que comigo estavam, somente Jesus e eu ali permanecíamos. Sentei-me ao lado de minha irmã, disfarçando com uma dor de cabeça o que se passava comigo. Em seguida, afastei-me discretamente dos que me acompanhavam e fui à catedral de S. Estanislau Kostka. Já começava a anoitecer e havia poucas pessoas na catedral. Sem prestar atenção a nada do que ocorria à minha volta, caí de bruços diante do Santíssimo Sacramento e pedi ao Senhor que me desse a conhecer o que devia fazer a seguir. Então, ouvi estas palavras: Vai imediatamente a Varsóvia (Polônia) e lá entrarás no convento. Terminada a oração, levantei-me, fui para casa e arrumei as coisas indispensáveis. Da maneira como pude, relatei a minha irmã o que havia acontecido na minha alma. Pedi que se despedisse por mim de meus pais e assim, só com a roupa do corpo, sem mais nada, vim para Varsóvia” (Diário, 9).

Em Varsóvia (Polônia), procurou um lugar para si em diversas comunidades religiosas, mas em todas foi recusada. Foi somente no dia 1 de agosto de 1925 que se apresentou à Congregação
das Irmãs da Divina Misericórdia, na Rua Zytnia, e ali foi aceita. Antes disso, para atender às condições, teve que trabalhar como empregada doméstica numa família numerosa na região
de Varsóvia, para dessa forma conseguir o enxoval pessoal.

Ela descreveu em seu DIÁRIO os sentimentos que a acompanhavam após ter ingressado
na vida religiosa:
“Sentia-me imensamente feliz, parecia que havia entrado na vida do paraíso.

O meu coração só era capaz de uma contínua oração de ação de graças” (Diário, 17).

Na congregação recebeu o nome de Irmã Maria Faustina. Realizou o noviciado em Cracóvia e foi ali que, na presença do bispo Estanislau Rospond, professou tanto os primeiros votos religiosos como, passados cinco anos, os votos perpétuos de castidade, pobreza e obediência. Trabalhou em diversas casas da Congregação, porém permaneceu mais tempo em Cracóvia (Polônia), Vilna (Lituânia) e Plock (Polônia), exercendo as funções de cozinheira, jardineira
e porteira. Exteriormente nada deixava transparecer a sua profunda vida mística. Ela cumpria assiduamente as suas funções, guardando com zelo a regra religiosa. Era recolhida e silenciosa, embora ao mesmo tempo fosse desembaraçada, serena, cheia de amor benevolente
e desinteressado para com o próximo
.

O severo estilo de vida e os extenuantes jejuns que ela se impunha antes ainda de ingressar na Congregação enfraqueceram tão severamente seu organismo que já no postulado teve de ser encaminhada para tratamento de saúde. Após o primeiro ano do noviciado vieram as experiências místicas extremamente dolorosas – da chamada noite escura, e depois os sofrimentos espirituais e morais relacionados com o cumprimento da missão que havia recebido de Jesus Cristo.
Irmã Faustina ofereceu a sua vida a Deus em sacrifício pelos pecadores, a fim de salvar as suas almas, e por essa razão foi submetida a numerosos sofrimentos. Nos últimos anos de vida intensificaram-se as enfermidades do organismo: desenvolveu-se a tuberculose, que atacou   os pulmões e o trato alimentar. Por essa razão, por duas vezes, durante alguns meses, permaneceu em tratamento no hospital.

Completamente esgotada fisicamente, mas em plena maturidade espiritual e misticamente unida a Deus, faleceu no dia 5 de outubro de 1938 com fama de santidade, tendo apenas 33 anos de idade, dos quais 13 anos de vida religiosa (Notas do Diário de santa Irmã Faustina).





A Espiritualidade Eucaristica de Santa Faustina
Que esta breve reflexão alimente nossa espiritualidade eucarística, de modo a podermos dizer, como Santa Faustina, “O meu espírito (...) estava inflamado de especial amor para com a Eucaristia” (n. 160). Roguemos a Jesus Misericordioso a graça de compreendermos aquilo que João Paulo II nos ensinou: “A Igreja vive da Eucaristia. Esta verdade não exprime apenas uma experiência diária de fé, mas contém em síntese o próprio núcleo do mistério da Igreja” (Encíclica Ecclesia de Eucharistia, n. 1).
À medida que aprofundamos a espiritualidade de Santa Faustina, percebemos o destaque dado à Eucaristia. Evidência desse fato é o grande número de vezes que o tema aparece no Diário: 9 vezes encontra-se a palavra “Eucaristia”, 2 vezes “Sagrada Comunhão” e 159 vezes “Santa Comunhão”. Evidentemente, não importa a estatística, mas o amor de Faustina a Jesus Eucarístico. Não se pode explorar aqui toda a riqueza da espiritualidade eucarística de Santa Faustina. Vamos nos contentar com 7 aspectos:

1) Na Eucaristia, Faustina encontra sua força: “Todas as manhãs, na meditação preparo-me para a luta durante o dia todo, e a Santa Comunhão é a garantia de que vencerei, e assim acontece. Tenho medo do dia em que não tenho a Santa Comunhão. Esse Pão dos Fortes me dá toda a energia para levar adiante essa obra e tenho coragem de cumprir tudo o que o Senhor exige. A coragem e a força que estão em mim não me pertencem, mas sim Àquele que mora em mim: a Eucaristia” (n. 91).

2) Na Eucaristia, Faustina faz a experiência pessoal da misericórdia de Deus:“Em determinado momento, eu desejava muito receber a Santa Comunhão, mas, porque tinha uma certa dúvida, não fui comungar. Sofri terrivelmente por essa razão (...) Quando fui trabalhar, cheia de amargura no coração, de repente, Jesus colocou-se ao meu lado e disse-me: Minha filha, não faltes à Comunhão, a não ser quando tiveres a certeza de que pecaste gravemente (...) As tuas pequenas faltas desaparecerão no Meu amor como uma palha jogada num grande braseiro” (n. 156).

3) Na Eucaristia, Faustina faz a experiência da proximidade com Deus: “Durante a Santa Comunhão, a alegria inundou a minha alma. Sentia que estou estreitamente unida com a Divindade; a Sua onipotência envolveu todo o meu ser. Ao longo do dia senti a proximidade de Deus de uma maneira especial e, embora as obrigações, durante todo este tempo, não me permitissem ir por um momento sequer à capela, não houve momento em que eu não estivesse unida com Deus” (n. 346).

4) Na Eucaristia, Faustina faz a experiência da presença permanente de Deus:“Jesus, quando vindes a mim na Santa Comunhão, Vós que Vos dignastes residir com o Pai e o Espírito Santo no pequeno céu do meu coração, procuro fazer-Vos companhia o dia todo, não Vos deixo sozinho, nem por um momento” (n. 486).

5) Na Eucaristia, Faustina faz a experiência do amor ao próximo: “Quando recebo a Santa Comunhão, peço e suplico ao Salvador que cure a minha língua, para que eu nunca ofenda o amor ao próximo” (n. 590).
 6) Na Eucaristia, Faustina aprofunda a dimensão mariana de sua espiritualidade:“Estou vivendo este tempo com a Mãe de Deus, preparando-me para a solene vinda do Senhor. E Nossa Senhora me instrui sobre a vida interior da alma com Jesus, especialmente na Santa Comunhão” (n. 840). E ainda, em outra passagem: “Hoje senti a proximidade de minha Mãe, da Mãe do Céu, embora antes de cada Santa Comunhão eu peça com fervor a Nossa Senhora que me ajude na preparação da minha alma para a vinda de Seu Filho” (n. 1114).

7) Na Eucaristia, Faustina faz a experiência de sua pequenez diante de Deus:“Tenho medo da vida, nos dias em que não recebo a Santa Comunhão. Tenho medo de mim mesma. Jesus, oculto na Hóstia, é tudo para mim. Do Sacrário tiro força, vigor, coragem e luz. Aí busco alívio nos momentos de aflição. Eu não saberia dar glória a Deus, se não tivesse a Eucaristia no meu coração” (n. 1037).

Que esta breve reflexão alimente nossa espiritualidade eucarística, de modo a podermos dizer, como Santa Faustina, “O meu espírito (...) estava inflamado de especial amor para com a Eucaristia” (n. 160). Roguemos a Jesus Misericordioso a graça de compreendermos aquilo que João Paulo II nos ensinou: “A Igreja vive da Eucaristia. Esta verdade não exprime apenas uma experiência diária de fé, mas contém em síntese o próprio núcleo do mistério da Igreja” (Encíclica Ecclesia de Eucharistia, n. 1).

Pe. Ednilson de Jesus, MIC
Cantarei a misericórdia do Senhor pelos séculos
Diante de todo o povo
Porque ela é o maior atributo de Deus,
E, para nós, um milagre sem fim.

 Jorras da trindade Divina,
Mas de um só amoroso seio;
A misericórdia do Senhor se manifestará na alma
Em toda a plenitude, quando cair o véu.
Da fonte da Vossa misericórdia, Senhor,
Flui toda a felicidade e vida,
Por isso, (Vós) todas as criaturas e seres
Cantai enlevados a canção da misericórdia.
As entranhas da misericórdia divina foram abertas para nós
Pela vida de Jesus, estendido na cruz;
Não deves duvidar, nem desesperar, pecador,
Mas confiar na misericórdia, porque também tu podes ser santo.


Duas fontes jorraram em forma de raios
Do coração de Jesus,
Não para os Anjos, Querubins ou Serafins,
Mas para a Salvação do homem pecador.

(Santa Faustina- diário 522)
  
SANTA IRMÃ MARIA FAUSTINA KOWALSKA
(1905-1938)
Festa 05/10
Santa Faustina, rogai por Nós!

Thursday, June 2, 2016

Corre o barco da minha vida

Corre o barco da minha vida
Entre as brumas e sombras da noite,
E não vejo margem alguma:
Encontro-me em meio à imensidão do mar.
A menor tempestade pode me afundar,
Mergulhando o meu barco no torvelinho das águas,
Se Vós mesmo, Deus, não velásseis por mim
Em cada instante de minha vida, em cada momento.
Entre o uivar e o estrondo das ondas
Navego tranqüila, com confiança,
E olho, como uma criança, para o longe,
Porque Vós, Jesus, sois meu guia.
Em minha volta o terror e o medo,
Mas a paz da minha alma é mais profunda que a profundeza do mar,
Porque quem está Convosco, Senhor, não perecerá,
Disso me certifica Vosso amor divino.
Embora haja muitos perigos em volta,
Não os temo, porque olho para o céu estrelado,
E navego com coragem e alegria,
Como deve fazê-lo um coração puro.
Mas antes de tudo pelo motivo
De serdes Vós, ó Deus, o meu timoneiro,
Tão serenamente corre o barco da minha vida,
Confesso-o em profunda humildade.
(Santa Faustina, diário 1322)