Monday, May 30, 2016

Eu não sou tudo...

Eu não sou tudo...
Aprender a amar é um dever nosso. Fazer o outro se sentir amado é terreno desértico, pois muitas vezes acreditamos estar dando o nosso melhor, nos doando, mesmo dentro das nossas limitações. E não somos vistos... Quantas vezes faltaram um talvez ou um, mas se você fizesse isso... , condicionando toda a convivência a gestos concretos de quem só quer receber e aceitar o que espera.
 Certamente, que o amor é feito de gesto, mas não somente de cobranças e inseguranças, senão deixaria de ser livre e nos escravizaria ao padrão do nosso egocentrismo.

Eis a questão esperar do outro, ações sentimentais, que nem sabemos ainda relacionar em nós...

Parece um tanto clichê, chato e repetitivo... Mas, sobretudo muito preocupante, pois é assim que estamos caminhando. Para relações descartáveis. Com a mesma facilidade de trocarmos os objetos que possuímos. Caminhamos para relações desgastadas aonde o outro não nos satisfaz mais, pelo simples fato de não o deixarmos ser quem ele é e sim o que desejamos que ele fosse... As relações humanas em nossas vidas têm extrema importância, pois são elas que nos oferecem a capacidade de nos conhecermos a cada dia mais, pois muitas vezes o nosso eu está refletido em nossas cobranças... Quantas vezes camuflamos sentidos que nos impedem de ver a real situação, movido por tantas outras sensações que só nos fazem perder de nós mesmos! Aonde atacamos, pelo simples fato de não sabermos acolher, pelo veneno que nos motiva na busca da culpa de quem está adiante...

Como poderei olhar para o meu próximo se, ao olhar, só enxergo a mim. As minhas vontades, sem querer ao menos enxergar os meus erros...

Até aonde eu jogo a culpa das minhas frustrações em quem está tão próximo de mim... Até aonde a honestidade de me ver no espelho, como quem realmente sou-me deixa caminhar ao encontro do outro...

Amar o próximo como a si mesmo implica em sairmos do comodismo do nosso Eu e nos abrirmos à misericórdia que muitas vezes desejamos só para nós. É olhar o outro, principalmente, com as suas misérias e seguir não pela marginalização do ser e sim pela ponte que nos une, o humano.

O verdadeiro exercício do amor supera qualquer expectativa do querer ser mais que tudo, vivendo sempre na experiência em poder transformar-se no melhor servir. Na pequeneza da vontade, mas na grandiosidade da generosidade, na certeza que o servir é bem maior que a submissão, pois só se coloca a serviço quem um dia se libertou de todas as correntes que nos prendem a razões sentimentais e acima de tudo materiais, que não nos façam caminhar. Quem, realmente, conquistou a liberdade de ser muito mais do que um EU, vivendo, somente, sobre a lógica da acolhida, do doar muito mais que receber!

 Eu não sou tudo...


Sou apenas uma parte da criação,
Uma semente que vem a cair no chão,

Que precisa morrer para florescer,

Sou Gente que sofre que ri, e que chora...

Apenas Gente,

Gente que é alegre e às vezes fica triste,

Assim como tu, Gente!

Que lê, come e anda, respira e

Muitas vezes faz sorrir.

Tentando acertar errando, errando acertando. Gente!

Que Precisa ser iluminada para refletir a vida,

Vida esta que não é solitária,

Faz-se na presença do encontro,

Na troca do gesto, do respeito e do afago da mão

Que nos permite a travessia do conhecimento,

De um dia nos fazermos UM!



Gisele Pontes

No comments:

Post a Comment